A maior Reserva Indígena urbana do país conquistou o primeiro posto de base da Polícia Militar. Juntas, as aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados, vizinhas uma da outra, têm quase 20 mil indígenas, população maior que boa parte dos municípios sul-mato-grossenses. Uma viatura com policiais permanecerá na Reserva 24 horas, pelo menos é a promessa feita ontem pelo secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Carlos Videira, ao capitão Ramão Fernandes, da aldeia Jaguapiru.
Ontem pela manhã um grupo de indígenas fechou a MS-156, rodovia que corta as duas aldeias e divide as cidades de Dourados e Itaporã. Os indígenas pediam a presença da segurança pública na Reserva Indígena. Por volta das 15h o secretário foi ao local e prometeu encaminhar uma viatura com policiais.
E foi cumprido. Hoje pela manhã ocorreu a entrega simbólica, conforme o capitão Ramão Fernandes. “O secretário prometeu que vai ficar [a viatura] 24 horas e com a presença de dois policiais que vão trabalhar em escala de plantão”, informou a liderança indígena.
O posto policial fica na avenida principal da Jaguapiru, em frente à escola Tengatui Marangatu. No local também funciona a sede da equipe de segurança indígena. 17 homens moradores nas aldeias se dividem em plantões. Sem remuneração, sem colete e arma arriscam as vidas para fazer o trabalho de polícia. “Não é fácil pra gente, pois corremos risco de vida diariamente”, diz o capitão.
Semana passada ele sofreu tentativa de homicídio. Um grupo de moradores da Reserva chegou na casa dele e, armados com facão e arma de fogo, fizeram ameaças. Dois tiros foram disparados contra Ramão Fernandes, mas nenhum acertou.
Segundo o Capitão, o secretário Carlos Videira também prometeu que, em breve, será entregue duas motocicletas para os policiais fazerem rondas nas aldeias. Juntas, a Jaguapiru e Bororó possuem 3,6 mil hectares e dezenas de vias estreitas. Também houve a promessa de ser entregue 40 coletes à prova de bala para os indígenas que atuam na segurança.
Ainda de acordo com o capitão Ramão Fernandes, a viatura ficará parada na base, para funcionar como apoio, e quando surgir uma ocorrência, irá até o local solicitado com a equipe da segurança indígena. “Será um trabalho em conjunto”, informou.
O capitão ainda disse que houve promessa de futuramente ser construído um posto de base da Polícia Militar no local.
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