Em disputa apertada, eleições no Paraguai podem interferir na qualidade de vida na fronteira

Especialista aponta que tendência liberal do partido Colorado pode diminuir políticas públicas, mas candidato rival vai pelo caminho contrário por ser de tendência centro-esquerda

No próximo dia 30 de abril, os cidadãos do Paraguai irão às urnas escolher o próprio presidente do país. Além disso, também serão eleitos os congressistas, sendo que ambos cargos têm mandato de cinco anos.

Para a disputa deste ano o Tribunal Superior de Justiça Eleitoral registrou 13 chapas, mas a disputa está apertada entre o candidato Santi Peña, do Partido Colorado, e Efraín Alegre, que está concorrendo ao cargo pela Concertação Nacional. bloco que reúne o Partido Liberal Radical Autêntico e movimentos de centro e esquerda.

O professor da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), mestre em Fronteiras, Tomaz Espósito, afirmou que esta eleição é a mais disputada da história do Paraguai, já que no país não existe polarização política como a observada no Brasil, o que deixa a disputa mais equilibrada.

O especialista destaca que o resultado da eleição pode ter consequências diretas na vida da população que vive na região de fronteira entre Mato Grosso do Sul e o país, já que os partidos com chances reais de ganhar têm visões opostas sobre políticas públicas.

De acordo com o especialista, o acirramento das eleições também se deu pela desaprovação do atual presidente Mario Abdo Benítez e a condução da pandemia, sendo que o gerenciamento da saúde, especialmente da população fronteiriça do lado do Paraguai.

Tomaz lembra que na época da campanha de vacinação muitos paraguaios atravessaram a fronteira para se imunizar no Brasil, onde a vacina chegou atrasada, mas atendeu aos dois países.

À época, o governo de MS destinou doses de vacina para os 13 municípios na fronteira com o país em um estudo conduzido pela Secretaria Estadual de Saúde em MS. Ponta Porã foi um dos que mais recebeu paraguaios para a vacinação. A distribuição de vacinas contribuiu para a queda de 63% nos casos de Covid-19 no estado.

Para o professor, se Alegre, que tem aspecto político centro-esquerda, sair vencedor da disputa, os moradores das cidades que ficam na fronteira podem ter melhorias na gestão da saúde, a resolução de casos pontuais de distribuição de terras, facilitando o processo para pessoas do Brasil que possuem propriedades no país vizinho.

Por outro lado, se Peña ganhar, a tendência é que o estado diminua sua atuação, o que pode refletir nas iniciativas públicas em favor da população do país, alcançando os moradores da fronteira.

De qualquer forma, o eleito deverá lidar com o problema crescente do crime organizado transnacional encabeçado por facções brasileiras como o Primeiro Comando da Capital (PCC), que está em expansão nas áreas de fronteiras. Mato Grosso do Sul é uma das principais rotas de tráfico internacional de drogas.

Outras questões, mas à nível nacional, que podem ser revisadas, de acordo com Tomaz, é a revalidação de diplomas de graduação feita fora do país. Nesta área, o Paraguai recebe diversos alunos brasileiros que buscam o curso de medicina no país por causa dos custos mais baratos em comparação com as universidades brasileiras.

CONFIRA OS PRINCIPAIS CANDIDATO

De acordo com o site oficial de Santi Peña, entre as principais propostas do candidato estão programas de redistribuição de renda, diminuição do preço do gás e dos combustíveis e um programa para que as pessoas consigam a casa própria.

Peña é economista e ocupou um cargo como membro da diretoria do Banco Central do Paraguai entre 2000 e 2009. O político também foi ministro da Fazenda no país.

Já Efraín Alegre é formado em Direito e já atuou em diversos cargos da política paraguaia. Atualmente é presidente do Partido Liberal Radical Autêntico, que tem tendências centro-esquerda. Alegre já foi deputado, senador e ministro de Obras Públicas.

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