Senado abre reunião para instalar CPI da Covid
Acordo entre maioria dos parlamentares prevê Omar Aziz presidente; Randolfe Rodrigues, vice; e Renan Calheiros, relator. CPI deve apurar omissões do governo e eventuais desvios de verba.
O Senado abriu às 10h desta terça-feira (27) a reunião destinada à instalação da CPI da Covid, Comissão Parlamentar de Inquérito responsável por apurar ações e omissões do governo federal e eventuais desvios de verbas federais enviadas aos estados para o enfrentamento da pandemia.
Na primeira reunião, os parlamentares devem eleger o presidente e o vice-presidente da CPI. Em seguida, será escolhido o relator. Há um acordo entre a maioria dos parlamentares para que a composição seja a seguinte:
- presidente: Omar Aziz (PSD-AM);
- vice-presidente: Randolfe Rodrigues (Rede-AP);
- relator: Renan Calheiros (MDB-AL).
Na noite desta segunda (26), porém, a Justiça Federal em Brasília concedeu uma liminar (decisão provisória) e, atendendo a um pedido da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP), suspendeu a eventual escolha de Renan para relator. A Mesa do Senado recorreu.
Omar Aziz disse que, se eleito presidente, indicará Renan Calheiros para a função “e ponto”. Segundo o Blog do Valdo Cruz, aliados do Planalto avaliam que o movimento de Zambelli foi um erro político e pode acirrar os ânimos na CPI.
Paralelamente, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) corre por fora e também quer entrar no páreo pela presidência.
A sessão
Assim que a reunião foi aberta, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) tentou suspender a sessão. Aliado do governo, afirmou haver “vício insuperado” porque há titulares da CPI participando em outras comissões parlamentares de inquérito. O senador Otto Alencar (PSD-BA), que abriu a reunião, não aceitou o pedido, mas decidiu o levar o tema a votação pelo plenário da CPI.
Em seguida, Jorginho Mello (PL-SC), outro aliado governista, também apresentou questionamento. Disse haver impedimento de Renan Calheiros na relatoria por possível conflito de interesse. O governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), é filho de Renan Calheiros. O senador, por sua vez, já disse que não votará temas ligados ao estado.
Início dos trabalhos
Em negociações prévias, senadores que compõem a CPI querem iniciar os trabalhos apurando o processo de aquisição de vacinas contra o coronavírus.
Estão na mira, principalmente, as negociações com a farmacêutica Pfizer, que em agosto do ano passado ofereceu ao governo brasileiro 70 milhões de doses da vacina com previsão de entrega ainda em dezembro daquele ano. A oferta, porém, foi recusada.
Em entrevista à revista “Veja”, o ex-secretário de Comunicação Social Fabio Wajngarten creditou o atraso do governo na aquisição de vacinas à “incompetência” e “ineficiência” do Ministério da Saúde, à época comandado pelo general Eduardo Pazuello.
Membros da CPI trabalham para convocar Wajngarten e Pazuello como uma das ações iniciais da comissão. Uma acareação entre os dois auxiliares do governo Bolsonaro também é estudada.
Em outra frente, há um esforço para avaliar se houve a adoção de medidas preventivas, como o uso de máscara e o distanciamento social, e a compra e divulgação de modelos de tratamento cuja ineficácia contra a Covid foi comprovada, como a cloroquina.
Devem ser convocados os três ex-ministros da Saúde – além de Pazuello, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich – e o atual, Marcelo Queiroga.
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